Produto Interno Bruto cresce no 3º trimestre diante de retração prevista pelo mercado
Ministro da Fazenda anuncia parcerias e investimentos dos países árabes e da Alemanha no Brasil
Diante da variação de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre de 2023 e do aumento de 2% frente ao PIB do terceiro trimestre de 2022, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira (5/12) que o resultado surpreendeu positivamente, uma vez que o mercado esperava uma retração (mediana – 0,3%).
“O Banco Central começou a cortar a taxa de juros só em agosto. Nós esperamos que esse ano fechemos o PIB em mais de 3% de crescimento”, declarou o ministro direto de Berlim, na Alemanha, onde acompanhou comitiva presidencial para atrair investimentos para o Brasil.
De acordo com a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda (MF), a variação de 0,1% do PIB na margem no terceiro trimestre é composta pelo recuo de 3,3% no setor agropecuário, ante previsão de recuo de 5,3%; pelo avanço de 0,6% da indústria, sendo que a previsão era de alta de 0,7%, e pela alta de 0,6% em serviços, cuja previsão de alta era de 0,1%.
Confira a Nota Técnica da Secretaria de Política Econômica do MF sobre o resultado do PIB do 3º Trimestre
Pela ótica da demanda, a dinâmica do PIB na margem se deve à alta de 1,1% no consumo das famílias, ao avanço de 0,5% no consumo do governo, à retração de 2,5% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ao crescimento de 3% nas exportações e queda de 2,1% nas importações.
Já a variação observada para o PIB do terceiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022 também ficou acima da expectativa de mercado da Bloomberg, 1,8%, e em linha com a expectativa da SPE, 2%. A variação interanual de 2% repercutiu o crescimento de 8,8% do setor agropecuário, a alta de 1% da indústria e a expansão de 1,8% em serviços.
Para os componentes da demanda foi observado, em relação ao mesmo período de 2022, crescimento de 3,3% para o consumo das famílias, de 0,8% para o consumo do governo e de 10% para as exportações. Em contrapartida, nessa mesma base de comparação, houve retração de 6,8% na FBCF e de 6,1% nas Importações.
Com exceção da indústria, que manteve o ritmo de crescimento comparativamente ao segundo trimestre de 2023, em 1%, e do consumo das famílias, que cresceu 3,3% no terceiro trimestre de 2023 ante alta de 3,1% no segundo trimestre desse ano, todos os demais setores produtivos e componentes da demanda desaceleraram na passagem entre trimestres. As importações recuaram após crescerem no segundo trimestre 2023, enquanto no caso da FBCF, a retração na comparação interanual se tornou mais intensa.
Giro internacional
Fernando Haddad acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com outros ministros em agenda internacional por países árabes. Um deles foi os Emirados Árabes, onde participou da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 28), realizada em Dubai, para divulgar programas com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para financiamento da transformação ecológica no Brasil.
Arábia Saudita e Qatar também foram incluídos no roteiro para concretizar parcerias comerciais com o intuito de trazer investimentos para o Brasil. Em entrevista concedida durante o programa Conversa com o Presidente, na terça-feira, o ministro da Fazenda anunciou que empresários árabes seguirão investindo no Brasil, com um aporte de R$ 10 bilhões em empresas e projetos de infraestrutura, assim como na exploração de minerais críticos.
O ministro acrescentou que o chanceler alemão Olaf Scholz confirmou nova rodada de investimentos industriais entre Alemanha e Brasil. Segundo Haddad, o Brasil detém um grande parque industrial de empresas alemãs há décadas, mas a Alemanha vem perdendo posições para outros países. O aporte no Brasil irá criar empregos industriais, não só na geração de energia limpa e na exploração de minérios críticos, mas também na produção manufatureira.
“O desmatamento já caiu 50% [no Brasil], o compromisso desse governo é com a queda de desmatamento e nós temos o compromisso de até 2030 zerá-lo. O sucesso econômico do Brasil depende do nosso compromisso com a preservação da floresta, mas para crescermos precisamos continuar a investir em energia limpa: eólica, solar, hidrogênio. A expectativa da Europa em relação ao Brasil como exportador de energia limpa é muito grande. O Brasil é parte da solução dos problemas que o mundo está enfrentando”, concluiu Haddad.